terça-feira, 20 de junho de 2017

Resenha crítica: "Os Sussurros dos Druidas" - Os netos de Svolk


"A história inicia-se dois anos antes do descobrimento da Nortúndria, ou do nosso descobrimento por ela. Acrescentarei que não haverá omissões ou mentiras nessa narrativa. Peço que não me pergunte quem me contou essa história, pois eu lhe responderia, olhando nos seus olhos, que ouvi apenas 'os sussurros dos druidas'". 



E depois de quase quatro meses, eis que termino a leitura do primeiro livro da série Os Sussurros dos Druidas, chamado Os netos de Svolk. Na verdade, essa resenha está super, ultra, mega atrasada, e eu vou explicar o porquê. Há cerca de quase um ano, mais especificamente em julho do ano passado, o autor do livro, o mineiro de 25 anos, Marcel Gasparini, conheceu, através das minhas divulgações no facebook, o Condado Encantado e, por conta disso, me convidou para fazer uma resenha sobre seu livro recém lançado na época (o convite se deu porque meu blog trata justamente desses assuntos medievais também). Eu topei, claro, porém expliquei que tinha um monte de coisa para fazer, como meu livro-reportagem, fruto de um TCC, que eu também estava escrevendo e que me deixou muito louca, por sinal. Mas prometi que assim que acabasse tudo, daria início à leitura e, posteriormente, à resenha do livro. E cá estou agora. Primeiro, quero agradecer ao Marcel pela paciência e por depositar sua confiança em mim para eu contar um pouco o que achei de Os Sussurros dos Druidas. 


Primeiro, quero começar contando que esse livro é uma série com aproximadamente cinco volumes. Bastante, né? Levando em consideração que esse primeiro volume, que se chama Os netos de Svolk, como eu mencionei lá em cima, tem 464 páginas divididas em 15 capítulos, já podemos imaginar que vem MUUUITA história pela frente. O segundo volume, sem nome ainda, já está sendo escrito, porém não tem previsão de quando será finalizado e lançado. Os Sussurros dos Druidas - Os netos de Svolk, é o primeiro livro do jovem escritor, que teve a ideia de escrevê-lo quando visitou os bosques e florestas da Irlanda. Maaas, vamos ao que interessa: o que esperar de O Sussurro dos Druidas?

Se você, como eu, é um amante incondicional de histórias medievais, da Terra Média, de Camelot, etc., então vai gostar muito da leitura. Uma das inspirações do escritor Marcel Gasparini é ninguém menos que J.R.R. Tolkien, autor do universo incrível de O Senhor dos Anéis, então já dá para ter uma ideia de como o livro é. Assim como Tolkien, Marcel também constrói sua história em um outro universo criado por ele. Ao final do livro, pode-se encontrar um mapa (também como em "O Senhor dos Anéis"), com todos os reinos descritos na narrativa. 

A história do livro se passa em Midgard, que, conforme descrito pelo autor, é uma 'ilha gigante do mar do norte, conhecida posteriormente como Nortúndria', porém os primeiros capítulos são dedicados à capital até então pacata de Llar, o reino dos homens do leste, chamada Osfrew. Lá, vivem os personagens principais do livro: o arquiteto Haskle e seus primos, a druida Arkoa, o guerreiro Fenror e as crianças Tella e Kriff. Eles moram em Osfrew em um estado de paz e harmonia, até que a cidade é atacada por vários orcs, goblins e gigantes. Dessa forma, eles e mais alguns moradores de Osfrew deixam a cidade, e Haskle, Arkoa, Fenror, Tella, Kriff e o bardo acompanhante do grupo, Flueton, saem em busca da chamada Árvore Branca, que contém a solução para os ataques em toda Midgard, e, após encontrarem a famosa árvore, começam a reunir exércitos de anões e elfos para a batalha final contra os inimigos. No meio do caminho, conhecem outros personagens que tornam a construção da história mais empolgante. Dessa forma, boa parte do livro conta a história da jornada desses personagens até a batalha final, na cidade de Joltton. 

Senta que lá vem a crítica: O que eu gostei e não gostei em Os Sussurros dos Druidas 

De fato, o autor conseguiu criar um universo complexo com vários personagens mitológicos, como elfos, anões, druidas e monstros, o que me lembrou muito a Terra Média, e também foi por conta disso que acabei citando J.R.R. Tolkien aqui. Apesar de já ser um tema batido, na minha opinião, a história de Haskle consegue empolgar e te fazer realmente se imaginar em um outro tempo, 'por volta do ano 100 da segunda era', como é descrito no prefácio, muito bem construído por sinal. Senti que um velhinho me contava o início da história quando comecei a ler. 

Outra coisa que gostei muito foi o mapa criado por Marcel, com desenhos detalhados dos reinos, florestas, cidades, aldeias, rios e bosques. O mapa parece ter sido cuidadosamente pensado, talvez antes mesmo da história ser escrita, e eu adorei os castelinhos desenhados!! Ficou bem caprichado!!! O mapa parece ter sido feito à mão e deu aquele toque rústico/medieval que super combinou com o livro. 


Por ser um livro com muitos personagens (e eu não tô exagerando no 'muitos' não), foi essencial que o autor pensasse em uma espécie de dicionário descritivo contendo o nome de todos os que aparecem no livro, bem como as cidades e reinos. É muito nome para decorar, e muitas vezes enquanto eu estava lendo acabava consultando esse dicionário, que fica ao final do livro, para me lembrar de alguns personagens e lugares. Isso ajudou muito, foi bem pensado. Outra coisa interessante são os nomes. Absolutamente nenhum me pareceu familiar, porém acredito que eles não foram inventados a toa; possivelmente houve alguma pesquisa e ligação com a mitologia nórdica. O ponto fraco é que, mesmo com esse mini dicionário que auxilia muito, é bem fácil se perder no meio da história. Além de existir muitos personagens, os nomes são bem parecidos e confundem bastante, então é bom ler com atenção. Eu tive que voltar algumas vezes alguns trechos e ler novamente por conta disso. 


Gostei bastante também das músicas que foram feitas no livro. O bardo da história, Flueton, cantava muito, e todas as suas músicas foram cuidadosamente narradas ao longo dos capítulos. Tinha rima e tudo, achei bem criativo. A narração da história também é boa; a sequência foi dividida dentro dos capítulos sem que o autor se perdesse. Também fica fácil para o leitor entender e acompanhar o desenrolar de cada personagem. 

Agora, ~infelizmenteee~ as partes ruins (eu odeio fazer críticas a escritores porque eu sei o trabalho que dá escrever um livro e pensar em tudo, na raiva que a gente fica quando alguém fala mal do nosso livro, etc., mas como minha função é fazer uma resenha crítica, vamos lá...): 

O que me incomodou BASTANTE foram os erros de português ao longo do livro. Eu entendo que escrever um livro de mais de 400 páginas sem absolutamente nenhum erro é uma coisa bem difícil, e existe também o chamado 'vício de texto', que é quando o escritor já está tão acostumado com a narrativa que algumas coisinhas bobas passam despercebidas, mas para um leitor mais exigente isso pode se tornar um grande empecilho. Não sei se houve um revisor na versão final do livro, mas é importante que esses pequenos detalhes não sejam repetidos nos próximos volumes. 

Outra coisa que não achei tão legal foi misturar as culturas nórdica e celta. Grande parte do livro fala sobre a cultura nórdica; a narrativa se passa em Midgard, eles rezam para Odin e Thor, falam sobre as Valkyrias e.... TEM UM BARDO E DRUIDAS CELTAS no meio da história!!! Não achei ruim; o livro é ficcional e, portanto, o autor é livre para misturar o que ele quiser e fazer aquele salada básica com tudo o que ele gosta, mas se fosse eu, faria somente de uma cultura específica, até para não confundir os leitores que não têm tanto conhecimento assim de mitologia. E um erro grotesco que achei no livro foi a palavra NORMAS, que, na verdade, sei que se refere às NORNES, as três senhoras do destino na mitologia nórdica que tecem a vida e o destino dos homens e deuses e que guardam Yggdrasil, a árvore sagrada onde ficam os vários mundos. Acredito que tenha sido um pequeno erro de digitação, porém o nome se repetiu errado algumas vezes ao longo do livro. Isso pode confundir quem não conhece mitologia nórdica. Mais uma vez, é um pequeno erro que não deve se repetir. 

O que também não ficou muito claro para mim foi: por que os orcs e gigantes entraram na cidade de Osfrew, logo nos primeiros capítulos? Achei bacana a sequência de fatos, a jornada dos personagens principais, a narrativa envolvente, etc., mas o início da batalha ficou meio que no ar pra mim. Pode ser que eu não tenha entendido, mas se eu não entendi bem, talvez outros leitores não entendam também. Acredito que isso seja uma pequena ponta solta que será explicada nos próximos volumes. 

Resumindoo....

Mesmo com os pontos negativos, que pra mim são muito poucos a julgar pela quantidade de páginas e pela complexidade da história, a jornada de Haskle e seus primos em O Sussurro dos Druidas merece ser conhecida. Não se assuste com o tamanho do livro (eu me assustei no começo hehehe); a leitura é fácil, te prende e te faz querer devorar continuamente as páginas para descobrir o que acontecerá em seguida, e é por esse motivo que eu recomendo SIM!!!! O livro é muito bom e não deixa nada a desejar em comparação a outras histórias de ficção com o mesmo tema. 

Os Sussurros dos Druidas foi lançado pela editora portuguesa Chiado e pode ser encontrado na Saraiva e em outras plataformas digitais. Como todo bom escritor independente, Marcel também possui uma página no facebook para divulgação do livro, que você acessa clicando aqui.  Para quem quiser entrar em contato com o autor para conversar ou adquirir uma cópia, deixo o perfil aqui.

E quero agradecer, novamente, ao Marcel pelo convite e por me presentear com esse livro. Vou guarda-lo com muito carinho e já ficar na expectativa dos próximos volumes!!!

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