Quando falamos em civilização Celta, logo nos vêm à cabeça lendas medievais, cavaleiros, Rei Arthur, fadas e bruxas. Os celtas, sem dúvida, foram um povo mágico por natureza, deixando muitos ensinamentos e sabedoria. Ainda hoje existem muitos mistérios e segredos sobre a origem e desaparecimento dessa sociedade.
A civilização Celta
A palavra “celta” vem do grego keltoi, que era uma expressão usada para
identificar os povos considerados “bárbaros”, aqueles que não eram gregos ou
romanos. Como a origem da civilização ainda é incerta presume-se que surgiu
quando tribos indo-européias migraram do Vale do Danúbio para o leste da Ásia,
sul do Mar Mediterrâneo e norte da Escandinávia.
Os celtas, assim como toda civilização pré-cristã, eram pagãos (palavra que significa “homem que vive no campo”) e veneravam a figura feminina denominada “Deusa Mãe”. Consideravam-se uma espécie de guardiões de todas as criaturas da natureza e viam o conceito de propriedade diferentemente de como é visto na atualidade. Acreditavam que suas terras eram sagradas e que os bens materiais eram algo “emprestado” da grande Mãe. Não admitiam o desrespeito por suas terras e por toda a criação da grande Deusa e poderiam lutar até a morte para preservar sua honra. Seus ensinamentos eram transmitidos através da palavra, de geração em geração e não possuíam escritos. Dessa forma, quase tudo o que se sabe sobre a civilização provém dos escritores gregos e romanos que, muitas vezes, não os retratavam como realmente eram.
Os celtas, assim como toda civilização pré-cristã, eram pagãos (palavra que significa “homem que vive no campo”) e veneravam a figura feminina denominada “Deusa Mãe”. Consideravam-se uma espécie de guardiões de todas as criaturas da natureza e viam o conceito de propriedade diferentemente de como é visto na atualidade. Acreditavam que suas terras eram sagradas e que os bens materiais eram algo “emprestado” da grande Mãe. Não admitiam o desrespeito por suas terras e por toda a criação da grande Deusa e poderiam lutar até a morte para preservar sua honra. Seus ensinamentos eram transmitidos através da palavra, de geração em geração e não possuíam escritos. Dessa forma, quase tudo o que se sabe sobre a civilização provém dos escritores gregos e romanos que, muitas vezes, não os retratavam como realmente eram.
A civilização
celta ocupou grande parte do continente europeu a partir de 800 a.C.,
expandindo-se para a Grã-Bretanha, Irlanda, País de Gales e demais ilhas. Eram notáveis artesãos e produziam suas próprias armas e utensílios, ganhando
também a fama de metalúrgicos. Não possuíam grandes hierarquias, o
rei/rainha era uma pessoa escolhida e considerada por todos como o (a) protetor
(a) do clã. Por acreditarem na imortalidade da alma, não tinham medo da morte e,
por isso, seus homens e mulheres eram grandes guerreiros. Partiam para a
batalha cantando e honrando os deuses, sempre com os corpos pintados com
símbolos e desenhos. Tinham grande apreço pela amizade, e a partir disso surgiu
a expressão Anam Cara, que significa
amigo da alma.
Ilustração de guerreiros celtas |
A sociedade celta
A sociedade celta era matrilinear, ou seja, homens e mulheres eram iguais e tinham o mesmo grau de importância dentro da sociedade, cabendo ao homem as tarefas da caça e proteção do grupo e das mulheres o cultivo da terra e os cuidados da casa, família e educação dos filhos. Em algumas tribos as mulheres também praticavam a caça junto com os homens. Eram monogâmicos e o adultério era considerado raro.
O sexo era visto com naturalidade e não era ligado aos conceitos de amor ou união. Dessa forma, não há evidências de que mulheres e homens deveriam ser virgens para o casamento. Ambos eram livres para usarem seus corpos da maneira que considerassem melhor. O ato também era praticado em alguns rituais, pois segundo crenças, o orgasmo era uma forma de conexão com os deuses. Dentre as pessoas mais importantes e respeitadas na sociedade estavam os Druidas e Druidisas, detentores de toda a sabedoria e conhecimento. Além de grandes sacerdotes/sacerdotisas, também costumavam celebrar rituais, casamentos, presidir assembleias e manter a ordem das tribos. Muitas vezes os Druidas tinham a palavra final nas decisões das tribos. Na sociedade celta também haviam Bardos, que eram pessoas encarregadas de transmitir histórias, mitos e lendas de forma oral, sempre recitando poemas e músicas.
Druida |
Ao contrário das civilizações grega
e romana, a mulher celta era extremamente respeitada e exercia grau de
importância na sociedade. Tinha direito ao voto e a emitir opiniões dentro das
tribos, bem como ser escolhida como Rainha, liderando tribos e batalhas e, ao
contrário das já mencionadas civilizações, os homens não faziam qualquer
objeção quanto a isso.
Exerciam a função de sacerdotisas,
curandeiras, parteiras e conhecedoras de ervas. Não eram obrigadas a casar cedo
e eram livres para escolher seu parceiro. Após o casamento, passavam a morar
com a família do marido, mas isso não era considerado um ato de submissão, pelo
contrário, continuavam mantendo alto status social. Os bens do casal eram
partilhados entre os dois e se houvesse separação a mulher tinha direito a
levar com ela todos os seus pertences, incluindo os bens do casamento. Caso os
bens da mulher fossem maiores que os do marido, ela era considerada a chefe do
casal. Eram livres para se separar do marido quando quisesse e isso era considerado
algo normal. Em algumas tribos celtas a mulher poderia casar com mais de um
homem e também se separar quando desejasse. Durante o ritual de casamento, a mulher
representava o poder da Deusa e podia conceder poderes aos reis e aos heróis.
A mulher celta é considerada um aspecto vivo da criação por
causa da menstruação (a semelhança com o processo de vida, morte e renascimento
com as fases da lua) e da capacidade de gerar outra vida. Dergflaith é o nome celta dado à menstruação e significa
“soberania vermelha”, assim como os mantos vermelhos e soberanos dos reis que
representam as mesmas coisas: a vida, o poder e a soberania durante o período menstrual.
Nessa fase do mês as mulheres se isolavam em determinada parte da floresta para
refletir e discutir os problemas da tribo.
Após a cristianização dos povos celtas, por volta do ano
250-300 d.C., as mulheres começaram a ser mal vistas, perder posição e status
social e até mesmo odiadas, com a implantação da Inquisição pela Igreja
Católica. A palavra bruxa, então, passou a ser usada referindo-se às mulheres celtas, para deturpar a imagem
feminina e associá-la ao Diabo cristão.
Representação da mulher celta |
Aparência Física e Vestuário Celta
A estatura dos celtas não era
diferente da média atual. Arqueólogos constataram que a altura média das
mulheres era de 1,63m e dos homens 1,70m. Os celtas tinham grande orgulho e
apreço pela aparência física. As mulheres tinham os cabelos compridos, usados
sempre enrolados ou trançados. Seus cabelos eram, em geral, loiros ou ruivos.
Os homens costumavam usar longas barbas e bigodes. Deixavam seus cabelos
penteados para trás, lembrando muitas vezes uma crina de cavalo. Vestiam calças
e camisas coloridas, todas feitas em lã.
O vestuário celta era geralmente bem
colorido, homens e mulheres usavam túnicas, até os pés para as mulheres e na
altura dos joelhos para os homens. As túnicas eram presas na cintura através de
cintos, que poderiam ser feitos de couro. Provavelmente o costume de se usar
calças entre os homens veio dos povos que viviam nas tribos euro-asiáticas. Por
lá, era costume cavaleiros usarem a peça de roupa. Entre os celtas que detinham
certa posição social a roupa costumava ser de tons mais vibrantes que a
maioria. Gostavam também de usar colares, pulseiras, argolas e braceletes feitos de ouro, prata e, às vezes, bronze. Também apreciavam pinturas corporais
e até mesmo uma espécie de tatuagem. Homens e mulheres também costumavam remover
todos os pelos do corpo.
Vestimentas Celtas |
Ritos Funerários
Como acreditavam na reencarnação, o conceito de morte era
encarado pelos celtas como uma passagem. A cremação era o rito dominante entre
todas as tribos. As cinzas do falecido eram recolhidas em vasos de barro, que
eram enterrados no interior das casas ou colocados no fundo de cavernas. Também
era costume cavar covas e enterrar os mortos com os joelhos levemente
flexionados, bem como sepultá-los no mar ou em rios. A excarnação ás vezes era
realizada. Neste rito, o corpo era exposto e colocado em uma árvore ou deixado
no fundo de uma caverna até que a carne se soltasse dos ossos, quando então o
espírito havia deixado definitivamente o corpo. Esse costume não era muito
comum, ocorrendo somente nas primeiras comunidades celtas agrícolas da Escócia.
A terra dos mortos era chamada “Annwm” e era um reino de beleza e paz.
Símbolos Sagrados
Os celtas também possuíam símbolos sagrados ligados à religião e acreditavam que tinham poder, sendo usados para diversos fins. Abaixo, alguns dos símbolos mais usados pela civilização:
Cruz celta
Muito encontrada até hoje em decorações e monumentos na Irlanda, é um símbolo pré-celta e simboliza os caminhos que conduzem aos quatro cantos externos do mundo.
Triskele
É um dos elementos mais encontrados na arte celta, por conter a triplicidade (Donzela, Mãe e Anciã). Muito associado a essa triplicidade, o Triskele também é um símbolo do Sol. Alguns pesquisadores e simbologistas afirmam que ele é erroneamente assoaciado à Tríplice Deusa, sendo na verdade somente um símbolo para representar o Sol.
Cruz de Santa Brígida
Era uma derivação da Suástica e pertencia à deusa irlandesa Brigit. Utilizava-se pendurado nas portas das casas para proteção.
Suástica
Símbolo mágico encontrado em diversos objetos da arte celta. Representa a boa sorte. A suástica era usada pelos celtas muito antes de Hitler adotá-la como símbolo do Nazismo.
Espiral
Um dos símbolos mais antigos. Representa o sol, inverno, verão e a dualidade das coisas. Representa também o crescimento em relação ao movimento dos cosmos. Símbolo da vida eterna.
Com uma estrutura política frágil os celtas logo foram dominados pela expansão romana por volta do século 1 a.C. e pelos ataques germânicos. Mesmo após o desaparecimento da civilização, sua cultura, ensinamento e sabedoria perduram até os dias de hoje, seja em lendas, filmes, séries, vestimentas e livros, fazendo com que nós, muitas vezes, nos imaginemos nesse maravilhoso universo que unia magia, união, liberdade, arte e misticismo.
Cemitério Celta |
Próxima postagem: A religiosidade celta.
Bibliografia consultada:
Série Wicca – Magia Celta, edição nº 60, Eddie Van
Feu, Editora Modus, 2011.
Sabedoria e Magia dos Celtas – Princípios do
Druidismo, Ana Elizabeth Cavalcanti da Costa, Editora Berkana, 2003.
Bruxas, Lady
Mirian Black, Editora Ícone, 2012.
Wicca Essencial, Paul Tuitéan e EstelleDaniels,
Editora Pensamento, 2001
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